
A recente decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) reacendeu o debate sobre ensino domiciliar e vacinação obrigatória no Brasil. Pais de três crianças em Curitiba foram condenados a pagar multa por descumprirem as normas que exigem matricular os filhos na escola regular e assegurar sua imunização contra a Covid-19.
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Mesmo após uma ordem judicial, as crianças não compareceram às aulas, e foi constatado que o ensino domiciliar da família não possuía respaldo legal. A prática foi considerada inconstitucional pelo TJ-PR, em consonância com o Supremo Tribunal Federal, reforçando a prioridade dos direitos da criança.
Ensino domiciliar e legislação vigente
No Brasil, o homeschooling enfrenta diversas barreiras jurídicas. A Lei Estadual n° 20.739/2021, que tratava do ensino domiciliar no Paraná, foi declarada inconstitucional pelo STF com base no artigo 22 da Constituição, que atribui exclusivamente à União legislar sobre as diretrizes da educação. Assim, a opção pelo ensino em casa não substitui a obrigatoriedade de matrícula em escola regular.
Os pais alegaram que as crianças recebiam uma formação rica e variada, integrando disciplinas como matemática, história, ciências e inglês a atividades culturais e esportivas. As visitas a museus, bibliotecas e parques faziam parte de sua rotina. Contudo, segundo o Conselho Tutelar, essa abordagem não cobre a falta de uma instituição formal, elemento crucial para garantir direitos e parâmetros educacionais.
Vacinação obrigatória e direitos infantis
A condenação também se deu pela não imunização dos menores contra a Covid-19. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina a obrigatoriedade de vacinas previstas pelo Ministério da Saúde, considerando-as essenciais para a proteção coletiva e individual.
Os juízes do TJ-PR reafirmaram que preservar a saúde e o desenvolvimento integral da criança é um dever inalienável dos responsáveis, não podendo ser negligenciado por convicções pessoais. Em sua decisão, o relator Ruy Muggiati destacou que os interesses individuais devem se subordinar aos direitos fundamentais e à convivência na coletividade.
Implicações da decisão
Esse caso demonstra como os tribunais brasileiros continuam a reforçar os pilares da educação formal e da saúde pública. Além de impor penalizações financeiras, a sentença reforça que iniciativas como o homeschooling e a não vacinação, sem regulamentação ou respaldo legal, ferem direitos consagrados.
Por fim, a decisão estabelece um precedente importante no Paraná, alertando para a necessidade de os responsáveis agirem de acordo com as leis que priorizam o bem-estar e o futuro das crianças.
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Redação
Redação jornalística da Elias & Cury Advogados Associados.