
Uma decisão judicial recente chamou atenção ao condenar uma empresa de materiais de construção a indenizar um ex-funcionário em R$ 5 mil por danos morais. A ação, movida pelo trabalhador, denunciou a prática de imposição velada para participação em orações diárias antes do início do expediente. A juíza Lais Pahins Duarte, da 2ª Vara do Trabalho de Campo Grande/MS, considerou a prática uma violação da liberdade religiosa, prevista na Constituição Federal.
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A empresa, em sua defesa, alegou que as orações eram parte de sua cultura organizacional e que a adesão não era obrigatória. Contudo, os depoimentos colhidos revelaram que os funcionários se sentiam compelidos a comparecer, configurando a imposição de caráter velado. A magistrada ressaltou a proibição de práticas discriminatórias no ambiente de trabalho e reforçou o direito à liberdade de crença como princípio constitucional.
Liberdade religiosa no ambiente corporativo
A decisão judicial destacou a incompatibilidade entre práticas religiosas impostas e os direitos fundamentais do trabalhador. Segundo a Constituição, a liberdade de consciência e de crença deve ser assegurada em todos os âmbitos, inclusive nos locais de trabalho. O ato de obrigar ou pressionar, ainda que de forma não explícita, a participação em atividades religiosas viola esses direitos fundamentais.
A juíza considerou que, embora a empresa não verbalizasse uma ordem direta para adesão, a percepção dos empregados indicava uma obrigação tácita. Essa situação foi interpretada como assédio moral relacionado à intolerância religiosa, justificando a condenação por danos morais com base em precedentes jurídicos.
Impacto do julgamento no ambiente de trabalho
Essa sentença reforça a importância de promover um ambiente de trabalho inclusivo e livre de qualquer prática discriminatória. É essencial que empresas compreendam os limites entre cultura organizacional e respeito à diversidade de crenças. O caso evidencia também a necessidade de criar políticas internas que garantam o respeito às diferenças e assegurem a proteção dos direitos dos trabalhadores.
Empresas podem adotar medidas preventivas, como:
- Capacitação de gestores: treinamento sobre diversidade e inclusão;
- Códigos de conduta claros: políticas contra discriminação e intolerância;
- Canais seguros de denúncia: para que funcionários relatem práticas que considerem inadequadas.
Jurisprudência como marco no combate à intolerância religiosa
A jurisprudência utilizada na decisão evidencia que práticas abusivas de cunho religioso no ambiente de trabalho são passíveis de condenação. O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região já havia reconhecido anteriormente situações similares, consolidando o entendimento de que práticas discriminatórias não têm espaço no contexto corporativo.
O entendimento jurídico, conforme reforçado pela juíza Lais Pahins Duarte neste caso, exige que empresas mantenham um espaço de trabalho baseado no respeito às diferenças individuais, como garantido pela Constituição Federal.
Para mais detalhes, acesse o processo: 0024223-80.2024.5.24.0002.
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Redação
Redação jornalística da Elias & Cury Advogados Associados.