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A recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que anulou uma sentença arbitral envolvendo empresas de energia levantou um importante debate sobre a imparcialidade no processo arbitral. A corte entendeu que a falha no cumprimento do dever de revelação comprometeu a transparência e imparcialidade, pilares fundamentais para a credibilidade da arbitragem.
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O caso envolveu a Orion Geradora de Energia e a Engie Brasil Energia, onde foi apontado que um dos árbitros apresentava relações prévias relevantes com o advogado da parte vencedora, omitidas inicialmente. Essa decisão reafirma que o dever de revelação, essencial para a confiança no sistema arbitral, deve ser rigorosamente cumprido em todas as fases do processo.
Entenda a decisão do TJ-SP
Contexto da arbitragem anulada
No processo (0024255-13.2023.8.26.0100), a Engie Brasil Energia foi a parte vencedora em arbitragem na qual a Orion Geradora de Energia foi condenada. Porém, surgiu a controvérsia sobre as declarações do árbitro que, em um primeiro momento, negou envolvimento com o advogado da Engie. Posteriormente, revelaram-se indícios de laços profissionais que deveriam ter sido informados desde o início do procedimento.
Entre os dados apresentados, descobriu-se que, em 2017, o árbitro havia recomendado o advogado para presidir outro tribunal arbitral. Embora isso possa parecer um detalhe, o TJ-SP avaliou que essa relação extrapolou o limite do que seria considerado habitual, sendo essencial para questionar a imparcialidade necessária.
Reafirmação do princípio do dever de revelação
O desembargador Alfredo Attié, relator da decisão, reforçou que o dever de revelação não se encerra no momento da indicação do árbitro. Pelo contrário, sua obrigatoriedade se estende por todo o processo arbitral, garantindo que as partes estejam cientes de qualquer fato que possa afetar a independência dos julgadores.
Esse princípio é crucial para proteger os direitos fundamentais relacionados à imparcialidade e evitar possíveis "tribunais de exceção". No caso concreto, a omissão foi considerada uma violação grave, comprometedora da lisura do procedimento.
Consequências e implicações jurídicas
A anulação da sentença arbitral por violação ao dever de revelação terá desdobramentos significativos, não apenas para o caso específico, como também para a prática da arbitragem no Brasil. Dentre os principais aprendizados, destacam-se:
- Obrigação contínua de transparência: Árbitros devem ser sempre claros sobre relações profissionais ou pessoais relevantes para evitar nulidade de decisões futuras.
- Precedente jurídico: A decisão do TJ-SP pode servir como referência em casos semelhantes, aumentando a fiscalização nos tribunais arbitrais.
A repercussão legal dessa decisão ressalta a importância da confiança no sistema arbitral, que é frequentemente escolhido pelas partes devido à sua agilidade e capacidade de resolução especializada de conflitos. No entanto, qualquer risco à imparcialidade pode colocar esse modelo em xeque.
O caso reflete a necessidade de um comprometimento ético das partes envolvidas na arbitragem e acende o alerta para possíveis situações em que a imparcialidade dos julgadores seja comprometida. A Orion Geradora de Energia, defendida pelo escritório Reis, Souza, Takeishi & Arsufi, obteve uma decisão que demonstra como o TJ-SP tem zelado pela proteção da integridade no uso da arbitragem.
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Redação
Redação jornalística da Elias & Cury Advogados Associados.