Em uma decisão unânime, a 11ª câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) decidiu manter a condenação de uma mãe pelo crime de abandono de incapaz. O caso envolve o suicídio de sua filha adolescente de 14 anos, ocorrido após a jovem ser deixada em casa, sozinha, em situação de vulnerabilidade. No momento do incidente, a adolescente também cuidava de outros seis irmãos e dois sobrinhos.
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O tribunal enfatizou a gravidade da situação e destacou a negligência da ré. Enquanto a mãe viajava para visitar o namorado, a jovem foi submetida a uma carga de responsabilidade emocional e material insustentável. A tragédia gerou grande repercussão, reforçando a necessidade de proteção adequada a menores em posição de fragilidade.
Entenda o caso
Moradora de Botucatu, a mulher deixou a residência na companhia apenas de seus filhos e netos menores. Entre eles, a filha mais velha, de 14 anos, assumiu integralmente os cuidados domésticos durante a ausência. Sem supervisão de um adulto, a adolescente acabou tomando uma quantidade excessiva de medicamentos, falecendo dois dias depois.
Em primeira instância, a juíza Cristina Escher, titular da 2ª Vara Criminal de Botucatu/SP, condenou a ré a uma pena de oito anos de reclusão em regime semiaberto. A decisão ressaltou a exposição da jovem ao abandono emocional e físico, apontando as sérias consequências que resultaram dessa negligência.
Decisão do tribunal
Ao analisar o recurso da defesa, o desembargador Tetsuzo Namba, relator do caso na 11ª câmara, destacou que a condenação da ré era inquestionável. O magistrado enfatizou que o ato de abandono foi determinante para o desenrolar trágico dos acontecimentos e não excluía a responsabilidade da mãe.
Conforme pontuado pelo tribunal:
- Abandono de menor vulnerável: A adolescente foi deixada em um contexto crítico e sem suporte material e emocional adequado.
- Necessidade de amparo: O fato de a jovem atentar contra a própria vida demonstra um estado de sofrimento latente, que poderia ter sido evitado mediante amparo efetivo.
O relator ainda reforçou a mensagem de que o incidente deveria servir como alerta sobre a importância do cuidado parental, especialmente em situações de alta vulnerabilidade.
Impactos e debates legais
Casos dessa natureza reacendem debates sobre negligência parental e a responsabilidade legal de provedores em assegurar a saúde física e emocional de incapazes. A manutenção da condenação pela Justiça paulista simboliza um marco no fortalecimento de mecanismos jurídicos de proteção a vulneráveis.
Embora o TJ/SP não tenha divulgado o número oficial do processo, a decisão traz luz à necessidade de estratégias preventivas e acompanhamento sistemático por parte de órgãos de proteção à infância para evitar novos casos trágicos.
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Redação
Redação jornalística da Elias & Cury Advogados Associados.