Em 17 de abril de 2020 foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo o Projeto de Lei nº 250, de 2020, de autoria dos deputados estaduais Paulo Fiorilo e José Américo.
Navegue pelo conteúdo
Referido projeto foi apresentado sob a justificativa de mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus, bem como acompanhar o movimento de outros Estados no aumento da alíquota do imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação, que incide sobre as heranças e as doações feitas ainda em vida.
O aumento da alíquota
Hoje, a alíquota do ITCMD incidente sobre heranças e doações no Estado de São Paulo é de 4%. O PL 250 prevê a majoração deste imposto para alíquotas progressivas de até 8%, de acordo com tabelas progressivas de alíquotas baseadas em valores atrelados à Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, que, no ano de 2020, equivale a R$27,61:
Herança/Legados:
Base de Cálculo (em R$, com base na UFESP para 2020) | Nova alíquota proposta |
Até R$ 276.000,00 | 0% |
De R$ 276.000,01 até R$ 828.300,00 | 4% |
De R$ 828.300,01 até R$ 1.380.500,00 | 5% |
De R$ 1.380.500,01 até R$ 1.932.700,00 | 6% |
De R$ 1.932.700,01 até R$ 2.484.900,00 | 7% |
Acima de R$ 2.484.900,00 | 8% |
Doações:
Base de Cálculo (em R$, com base na UFESP para 2020) | Nova alíquota proposta |
Até R$ 69.025,00 | 0% |
De R$ 69.025,01 até R$ 414.150,00 | 4% |
De R$ 414.150,01 até R$ 1.380.500,00 | 5% |
De R$ 1.380.500,01 até R$ 1.932.700,00 | 6% |
De R$ 1.932.700,01 até R$ 2.484.900,00 | 7% |
Acima de R$ 2.484.900,00 | 8% |
Em razão do princípio da anterioridade tributária, que veda a cobrança de tributos no mesmo ano em que seja publicada a lei que os instituiu ou aumentou, e veda tal cobrança antes de decorridos noventa dias da data da publicação de tal lei, na eventualidade de ser aprovado o PL 250, com a sua conversão em lei, publicada ainda no ano de 2020, as novas regras relativas à tributação do ITCMD já teriam eficácia a partir do ano de 2021.
Sobre doações com reserva de usufruto
O PL 250 prevê importante alteração quanto às doações feitas com reserva de usufruto aos doadores. Hoje, essas doações contam com uma base de cálculo do ITCMD equivalente a 2/3 (dois terços) do valor do bem, permitindo-se o recolhimento da parcela remanescente do imposto somente no momento da extinção do usufruto.
Caso o PL 250 venha a ser aprovado, esta forma de cobrança do ITCMD passaria a ser aplicável apenas nas hipóteses de transmissão não onerosa da nua-propriedade, “quando o transmitente não tiver sido o último titular do domínio pleno”.
Tal alteração implica em sérias consequências na forma de planejamento sucessório em muitos casos, já que pode antecipar o recolhimento total do imposto, mesmo em caso de reserva de usufruto.
Sobre bens imóveis e participações societárias
No caso de bens imóveis deixados por herança ou doados em vida, a Lei nº 10.705, de 2000 determina hoje que a base de cálculo do ITCMD não deve ser inferior: (i) sendo imóvel urbano, ao valor da base de cálculo do IPTU; ou (ii) sendo imóvel rural, ao valor total do imóvel declarado para fins do ITR.
Nesse quesito, o PL 250, caso aprovado, faria com que a base de cálculo do ITCMD passasse a ser o valor de mercado dos imóveis urbanos ou rurais, a ser divulgado pela Secretaria da Fazenda do Estado. Enquanto o valor de mercado não for divulgado pela SEFAZ-SP, o ITCMD incidiria sobre: (i) se imóvel rural, o valor da terra-nua e de imóveis com benfeitorias, divulgado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo ou outro órgão de reconhecida idoneidade; ou (ii) se imóvel urbano, o valor utilizado pelo município do local do bem para fins de tributação do ITBI, ou, na sua falta, do IPTU.
Por fim, importante alteração está prevista quanto às transmissões de ações/quotas de sociedades que não sejam objeto de negociação em bolsa de valores ou não tenham sido negociadas nos últimos 180 dias. Hoje, a legislação admite que o ITCMD seja calculado sobre o valor patrimonial de tais bens. Caso o PL 250 seja aprovado, o imposto passaria a ser calculado sobre o patrimônio líquido de tais sociedades, ajustado pela reavaliação dos ativos e passivos, incluindo-se a atualização dos ativos ao valor de mercado na data do fato gerador.
Essa alteração deve impactar sobremaneira nas estratégias de planejamento patrimonial e sucessório hoje levadas a cabo pelas bancas de advocacia, demandando uma análise acurada da necessidade de realizar, o quanto antes, esse planejamento.
Leia também:
- Ação contra banco acaba em indenização por indução de erro
- Advogados no Morumbi (SP): encontre o suporte jurídico que você precisa
- Após abuso sexual em trem, CPTM é condenada a pagar indenização
- Após erro em diagnóstico, mulher será indenizada por ter o seio retirado
- Após queda em calçada, mulher será indenizada no Mato Grosso do Sul
- Após sofrer assédio moral no trabalho, funcionária será indenizada por banco
Redação
Redação jornalística da Elias & Cury Advogados Associados.